A Fundação Milton Campos e o Progressistas promoveram, na última sexta-feira (18), o Fórum Brasileiro de Inteligência Artificial, realizado em São Paulo com a participação de autoridades e especialistas que discutiram os impactos da I.A no futuro do país.
Durante a plenária de abertura, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes e o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, reforçaram o papel do Poder Público em trazer respostas aos desafios que se apresentam com o crescimento das ferramentas de I.A no Brasil. O debate foi mediado pelo presidente do Progressistas, senador Ciro Nogueira.
“Dos governos das maiores nações do mundo, ao pequeno comerciante do interior do Brasil, o impacto da Inteligência Artificial é motivo de atenção”, destacou o senador.
O presidente da Câmara ressaltou o potencial de oportunidades geradas pela nova tecnologia, mas pregou atenção para os impactos que a I.A vai causar na realidade atual. “Os avanços da Inteligência Artificial serão responsáveis por um aumento de mais ou menos 7% do PIB global nos próximos 10 anos. Nosso país precisa estar sintonizado a essa tendência para auferir os seus benefícios com todas as cautelas necessárias para minimizar o forte impacto que essa substituição trará”, alertou.
As melhorias que ferramentas de I.A já promovem no poder Judiciário, trazendo mais eficiência na análise de matérias, por exemplo, foram destaque na fala do ministro Alexandre de Moraes. “Nós temos aproximadamente 79 milhões de processos. Se nós multiplicarmos por dois, pois todo processo tem duas partes, nós temos quase 160 milhões de litigantes. No STF é feita uma análise de recursos, a partir de algoritmos para verificar, nos tópicos, em qual tese de repercussão geral ele se encaixa. O que antes demandaria 10, 20, 30, 50 assessores, rapidamente é realizado e se faz uma triagem muito grande”, explicou.
O governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro, apontou os esforços para aprimorar a gestão por meio da digitalização de todos os processos e ações no estado. “Começamos um programa em que nossa ideia é, em cinco a dez anos, acabar com todo o papel na gestão. O Rio de Janeiro já é o 3º estado mais digital do Brasil”, afirmou.
Os convidados também alertaram para a necessidade de aprimoramento da legislação para lidar com o mau uso da Inteligência Artificial. Nesse sentido, o presidente do Senado detalhou o trabalho desenvolvido pelos senadores na área e os fundamentos do projeto em discussão na Casa para regulamentação da I.A. “É uma obrigação do Congresso Nacional entregar a regulação normativa, legal, da Inteligência Artificial, sob pena de acontecer aquilo que nós parlamentares sempre reclamamos que é a decisão do Poder Judiciário sobre aquilo que é uma lacuna legislativa”, defendeu.
Em sua fala, o presidente do Banco Central, discorreu sobre o conceito de Inteligência Artificial e seu uso nos diversos setores, especialmente na Economia. Ele ressaltou que apesar das profundas transformações que a I.A deve promover nas relações e no mercado, a história indica que a nova tecnologia não vai substituir o trabalho humano.
Campos Neto citou um estudo que apontou que, entre as empresas que investem em Inteligência Artificial, as que tiveram maior sucesso foram as que apostaram em ferramentas que complementassem a atuação de seus funcionários, e não que as substituíssem.
“Hoje a mistura I.A com o ser humano é melhor do que qualquer I.A e do que qualquer ser humano. Então isso mostra que a mistura da capacidade do que o computador pode fazer, com a intuição, é melhor do que os dois isolados”, explicou.